Cálculo feito por grupo da UFRJ revolta deputados, que queriam passagem mais barata
POR Maria Luisa Barros
Rio - Auditoria nas contas das barcas apontou que, para surpresa de autoridades, a empresa que recebe a tarifa de 29 milhões de passageiros por ano só teve prejuízo em suas operações, apesar de explorar estacionamentos, propagandas e aluguel de lojas nos terminais das embarcações.
Somando todas as operações realizadas pela companhia, entre 2003 e 2008 o “rombo” na contabilidade teria sido de R$ 98 milhões.
Pelo estudo, passageiros deveriam pagar R$ 4,51 até fevereiro de 2013 para que a concessionária não fique no vermelho, o que justificaria o aumento de 60% na tarifa praticado em março deste ano: passou de R$ 2,80 para R$ 4,50. Quem usa Bilhete Único paga R$ 3,10.
O cálculo foi feito pela Fundação Coppetec, da UFRJ, a pedido do governo estadual, que subsidia o Bilhete Único das barcas e também arcará com a compra de nove embarcações e reforma de terminais para a companhia.
No mês de março, a passagem das barcas saltou de R$ 2,80 para R$ 4,50. Segundo auditoria da Coppetec, valor teria que ser R$ 4,51 até 2013 | Foto: João Laet / Agência O Dia
“A CCR Barcas não é obrigada a alugar lojas ou manter estacionamento. Se dá prejuízo, por que continua?”, diz o presidente da comissão, deputado Gilberto Palmares (PT).
A devassa nas contas não teve o efeito esperado. “A auditoria era para abrir a caixa-preta das barcas. Pelo visto não conseguiram”, critica Palmares.
Segundo ele, o estudo não considera o fim das cinco viagens da madrugada e a receita da linha mais rentável: a Praça 15-Charitas. A viagem de 20 minutos em embarcações com ar custa R$ 12. O resultado da Coppetec contradiz a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeu) de Santa Catarina.
Relatório de 2008 apontou que com a receita da Linha Charitas, o prejuízo seria R$ 13 milhões menor. Desde março, passageiros, como a doméstica Gecilda Monteiro Nogueira, 52 anos, pagam o transporte público mais caro do Rio. “E o serviço é ruim”, reclama.
Embarcação velha exigiria uma tripulação maior
A auditoria concluiu que os itens que causam mais impacto nos custos da concessionária são os salários dos funcionários e combustível.
De acordo com o estudo, o gasto com folha de pagamento de trabalhadores é alto porque a empresa precisa manter oito tripulantes por embarcação, uma vez que a maioria tem mais de 50 anos e exige mais manutenção.
A média mundial é de quatro tripulantes por embarcação. “Os usuários pagam o pato. As passagens são altas, o serviço é precário, as embarcações são antigas e as autoridades assinam embaixo das informações da concessionária”, diz Palmares.
O deputado Comte Bittencourt (PPS) discordou do resultado. “É brincadeira. De 2008 para cá, passageiros aumentaram, e a empresa teve isenção de ICMS”, criticou. O secretário de Transportes, Julio Lopes, sugeriu que a Alerj contrate outra empresa para avaliar os dados.
Fonte: http://odia.ig.com.br/portal/rio/aumento-de-tarifa-na-barca-foi-justo-conclui-auditoria-1.511945
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