02/06/2010

BNDES ANALISA TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, SEGUNDO JB ONLINE EM 2004




Um projeto elaborado por professores da UFRJ, a pedido do BNDES, para o transporte aquaviário da Região Metropolitana pode revolucionar a ligação entre Rio, Niterói e São Gonçalo. A proposta é criar embarcações que possam levar ônibus de passageiros. A idéia é que as pessoas embarquem perto de casa e saltem próximo ao destino, sem precisar trocar de veículo. Pelos cálculos dos especialistas, o novo módulo reduziria em 33% em média o tempo de viagem e atenderia a 125 mil passageiros por dia.
A alternativa foi elaborada a partir da resposta dada pelas pessoas entrevistas. O grupo, chamado Mobile, formado por especialistas em várias áreas, constatou que o principal interesse da população é por um transporte que não tenha baldeação. O estudo também foi feito em outras nove regiões metropolitanas.
- Esse sistema é muito mais barato que o metrô e não precisaria de outro transporte alimentador, já que o passageiro iria da origem ao destino de baldeação - explica o professor Jorge Martins, que coordenou o estudo.
As embarcações projetadas foram apelidadas de aqua-roro (abreviação de sistema aquaviário roll on/roll off). Nesse modelo, os especialistas projetam quatro linhas: Gradim (São Gonçalo)-Armazém 18 (Rodoviária), Charitas-Santos Dumont, Caminho Niemeyer-Armazém 18 e Santos Dumont-Tom Jobim. Os ônibus que viajariam nessas embarcações poderiam cobrir diversos trajetos em terra. No caso da ligação entre os dois aeroportos, a previsão é de que sirva para levar turistas que pegassem os veículos perto dos hotéis.
Além da redução no tempo de viagem, esse sistema pode levar a uma diminuição de 36% na tarifa e em 40% na emissão de poluentes. São previstos novos terminais, mas a proposta é de que a instalação de lojas nesses locais não transfira os custos de sua administração para as passagens.
O aqua-roro seria produzido a um custo de R$ 2,7 milhões, viajaria a uma velocidade de 15 nós (27 km/h) e teria capacidade para de quatro a seis ônibus comuns. Está prevista também a instalação de postos de serviços nas embarcações, como caixas eletrônicos.
O projeto, que foi apresentado aos secretários de transporte das dez regiões metropolitanas na semana passada na sede do BNDES, também prevê outras ligações aquaviárias na Baía de Guanabara, mas com outros dois tipos de embarcações. Nos locais em que a demanda é menor, seria utilizado o chamado aqua-mini, um pequeno barco para 20 passageiros, que viajaria a uma velocidade de 25 nós (45 km/h). A principal vantagem é seu preço: R$ 170 mil. O pequeno porte também reduziria a necessidade de dragagem - a embarcação faria os trechos Guia de Pacobaíba (Magé)-Porto de Niterói, Charitas-Botafogo e Duque de Caxias-Niterói.
Os demais trajetos seriam cobertos pela embarcação aqua-bus, com capacidade para 250 passageiros. As ligações seriam Magé-Cocotá, Gradim-Armazém 18, Caxias-Armazém 18, Charitas-Santos Dumont, Porto de Niterói-Santos Dumont, Gradim-Santos Dumont.
A atual rede das Barcas S/A seria mantida, com a construção das estações de Charitas e Cocotá. Ligações em mar aberto, como a da Barra da Tijuca, foram descartadas, pois as embarcações para essas travessias são de tecnologia importada, o que contraria a filosofia do BNDES.
A proposta atenderia ao todo a 226 mil passageiros por dia e custaria cerca de R$ 355 milhões. Os autores do projeto dizem que ele tem uma relação custo/benefício bem mais vantajosa do que a linha 3 do metrô, que custaria R$ 2,4 bilhões e transportaria o mesmo número de passageiros. Técnicos da Secretaria Estadual de Transportes estão analisando o projeto e não quiseram comentá-lo por enquanto. Procurada pelo JB, a Secretaria Municipal de Transportes, que recentemente anunciou proposta de ligação aquaviária, não comentou o assunto. 


Fonte: http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cidade/2004/08/25/jorcid20040825005.html

2 comentários:

  1. Discordo desta proposta de transportar ônibus nos barcos, pois reduz o número de pessoas por viagem. Para atender um número maior de pessoas e reduzir o número de linhas, prefiro que as barcas trasportem apenas pessoas. Temos que nos adaptar a baldeação, basta que os serviços sejam bons. As pessoas reclamam da baldeação, pq estão acostumadas com os péssimos serviços das barcas S/A

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Você está completamente equivocado. É preciso, sim, conhecer os hábitos e critérios de escolha da população para projetar os serviços mais adequados às suas necessidades, sobretudo pela necessidade de gerar serviços atraentes para transferência modal do automóvel para modalidades coletivas. O cidadão que pretende ficar até 500m das estações aquaviárias, que vá em um catamarã para passageiros; já o cidadão que apenas passa pela estação mas dirige-se para outras localidades, a opção do ferry-boat é excelente para fazer o porta-a-porta confortavelmente.

      Excluir